ouço uma música mas é como se fosse apenas o eco
longínquo de uma outra
outra música
mais forte profunda violenta
um
grito pesadelo que sai das profundezas e se manifesta
Voz
és a minha voz
uma música melodia ditada na distância ainda leve murmúrio
escutado
no longe fundo
começa a mostrar-se um gemido leve
ainda poucos a ouvem poucos estão atentos
atentos atentos vivos para esta voz esta voz
minha voz
a minha voz é calada ainda agora se está a mostrar
tímida
em mim não se mostra não salta não se vê bem ainda
não se sabe que ela
existe ali, mas ela está aqui ali dentro de mim e quer saltar
quer que a ouçam
a vejam quer ser escutada a minha VOZ Voz Voa é uma melodia
um cantar distante
mas belo muito belo que se vai ouvindo aos poucos...
uma música uma sinfonia um mar oceano
um trovão a rebentar antes de se ver a luz do relâmpago um bramido na
escuro diz
– aqui estou olhem !
conhece a
escuridão o só, a noite negra e esta
é a minha voz que sabe muitos nomes para solidão união, beija as coisas pequenas dá nome inventa palavra e constrói frases e mais frases
escuridão dos
momentos
momentos que poucos sentem...
a chamar a voz que chama profunda e só alguns ouvem, poucos
ouvem. estou aqui é preciso falar mais alto,
Voz!
VOZ VOZ VOZ está na hora
é momento de falar a voz alta
sair daqui dentro raiar
lançar ar dizer expressar...
VOZ agora já te ouvem!
Tantas as coisas os mundos para dizer ao mundo...
mais mais mais mais
muito mais que o silêncio escuridão
... recostada no fim do tempo...
atenta mas calada sem som voz
agora é hora é a hora
do som em terra nesta terra e bramir
berrar gritar uivar
rasgar o
silêncio
cortá-lo recortá-lo
cortá-lo em pedacinhos aos milhões finos de areia
o silêncio recortado no ar e escorrendo em sangue na terra
vida voz vida voz a viva voz
essa vida essa voz a viva voz
um trovão rasga o silêncio
rebenta
ultrapassa limites
cria asas liberdade
... e o mundo olha maravilhado
jorrando em palavras a torrente de cada silêncio
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