"em que idade do coração se apaga o riso dos homens?"
Al Berto

Sunday, December 30, 2012

Tenho ainda presente os teus olhos nos meus, fixando-me num pedido constante de afecto. E a tua mão pegando na minha suavemente. Depois de sairmos do restaurante descemos a rua do Alecrim, como tantas vezes depois haveriamos de fazer, de mãos dadas. Sempre de mãos dadas. E eu pensava que tu não  me querias largar. Mas era eu, meu amor, era eu que não te queria deixar. Era eu que apertava a tua mão com força para a não largar. Querias dizer-me algo mais quando frente a frente, junto ao Cais do Sodré, esquecendo todos os que por nós apressadamente passavam, nos despedimos. Eu também queria dizer algo mais. Não sabia, contudo, o quê. Por essa razão apenas te sorri e desejei, desejei abraçar-te e beijar-te. E tu desejaste o mesmo mas não o disseste, nem o fizeste. Os teus olhos despediram-se de mim, os meus de ti. Separamo-nos com o coração a palpitar, vivos como nunca antes. 

De regresso a casa, no comboio, aninhei-me em mim e depois sorri ao ler a mensagem de telemóvel por ti enviada. Foi assim que percebi que te amava.

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