Fechou
os olhos e esperou… esperou que tudo fosse mentira, “um pesadelo” como já tinha
ouvido tanta vez! Mas não era, abriu lentamente os seus olhos cansados e lá
estava tudo, os móveis, os papéis, tudo! Sentou-se agoniada, correu para a casa
de banho e vomitou mais uma vez. Não estava grávida, não estava doente, não
estava enjoada com um cheiro qualquer, não! Estava cansada e não sabia qual o
passo que deveria dar a seguir… Pensou no seu quarto de menina e como gostaria
de lá se refugiar neste momento, em todos os momentos! Lembrou-se do poema de
Mário de Sá Carneiro: “Perdi-me dentro de mim…”, e essa era a grande verdade da
sua vida, estava perdida, algures num lugar distante que não ali, não naquela
secretária, não naquela cidade, não com aquelas pessoas. Doía-lhe a cabeça! Os
colegas falavam com ela e, no entanto, não os conseguia ouvir, virou costas e
foi chorar escondida na sala do café, rezando que ninguém lhe aparecesse e
fizesse perguntas.
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